quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A vida como ela é

Em tempos de modernidade, um grande desafio é viver com simplicidade. Viver sem alguns confortos da grande cidade. Essa é ainda a realidade do campo missionário. Mas não é de toda ruim.

Na verdade, ainda nos consideramos privilegiados por tudo que temos. Quando pensamos na África, mais especificamente, em Moçambique, pela primeira vez, pensamos em algo muito mais primitivo, contudo em muito nos surpreendemos.

O básico: luz, água e telefone. Temos, mas as vezes... A luz, como já referi em outro artigo, de vez em quando desaparece. Normalmente na hora que você mais precisa dela. A água vem do poço artesiano do hospital. É de boa qualidade. Depende de bomba elétrica. Até ano passado, não tínhamos uma caixa d’água, assim ficávamos freqüentemente sem água também. Uma coisa curiosa é o chuveiro elétrico. Há 2 anos foi abolido em nossa casa, devido a um defeito na tubulação. Agora, tomamos banho de caneco. E digo que é bom. E a economia da água é absurda, não é Juju e Felipe? (faça o teste em casa). Telefone aqui é celular. A etapa do fixo foi transpassada pela nova tecnologia. Assim em qualquer lugar que você vá e qualquer pessoa, já tem um aparelhinho. Pena que a rede não é confiável. As vezes, some o sinal, fica um, dois, mais dias sem sinal.

O moderno: televisão, internet. Essas novas tecnologias também estão disponíveis. Em Moçambique temos 3 canais abertos de televisão. Uma do governo, outra duas privadas, sendo uma delas, a mais nova, uma filial da rede Record. Os programas mais famosos por aqui são as novelas brasileiras. Normalmente chegam com algum atraso. A Record passa suas mesmas novelas. As outras duas passam mais novelas da Globo. Existe também a TV a cabo (em Maputo) ou a satélite (todo o país). A TV em satélite é muito bem servida, inclusive com canais brasileiros com Record, Globo, PFC, Record News e outros. A internet também está presente. Infelizmente está longe de ser tão confiável ou barata. A verdade é que paga-se caro para um plano de banda larga, mas o serviço funciona quando quer. Não adianta reclamar. Não há abatimento na conta (mesmo quando ficamos 15 e até 30 dias com o serviço indisponível!). Existe aquela internet de flash drive que vem pelo celular. Mas da mesma forma é muito cara e não confiável.

O comércio aqui ainda é bem rudimentar. Como existe uma grande dependência dos produtos externos, a disponibilidade dos produtos é oscilante, bem como o preço. Não consigo explicar a maneira de compra. Existem os indianos (a maioria – roupas, alimentos industrializados), os portugueses (material de construção) e os sulafricanos (supermercado geral) Os moçambicanos estão mais restritos ao comércio informal (dubanengues), nas feiras populares e na revenda de produtos “doados”.

Os meios de transporte comerciais são o avião e os ônibus (machimbombos). O avião ainda para poucos tem rotas da capital da província (Inhambane) para Maputo e Joanesburgo. Para outros lugares, pode-se pegar esses ônibus, que são muito velhos e viajam superlotados (de pessoas e de outras coisas). Para deslocamentos mais pertos, existem os “chapas” ou vans, que estão espalhadas por toda a África e são de longe o tipo de transporte mais difundido, mas totalmente informal, e claro, inseguro e lotado.

Um detalhe: por aqui dirigi-se do lado do esquerdo (volante à direita), algo difícil de se acostumar, que prega alguns sustos no início, por exemplo, quando você vai atravessar a rua e olha para o lado errado.

Posted by Picasa

Um comentário:

  1. Hehe... foram muitos dias de banho de caneca! Realmente a economia é absurda mas desde que cheguei tenho usado o chuveiro mesmo... é muito tentador!!rs. E eu nunca valorizei tanto minha luz, meu telefone e minha internet desde que voltei!hehe. Agente só vê que faz falta quando fica sem!!
    Abração!! DTA

    ResponderExcluir