segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nomes Próprios Moçambicanos

É interessante o quanto a gente aprende a respeito de uma cultura a partir dos nomes próprios.
Em Moçambique sempre me surpreendo com esse assunto e a cada dia aprendo uma coisa nova. O interessante é que aqui também  foi colônia portuguesa e fala português, mas tem características dos nomes tão diferentes do Brasil. É claro, que como os nomes brasileiros têm influência das línguas indígenas, aqui os nomes também têm influências dos dialetos e das tribos africanas. Mas não é só isso. Ainda existe a influência da língua inglesa (África do Sul), dos indianos e de nomes cristãos (comuns também no Brasil) e dos mulçumanos (árabes).
O primeiro ponto de interesse é o processo de nomear as pessoas. Diferentemente do Brasil que os pais começam a escolher o nome do filho ou da filha muito antes de nascer, por aqui, isso só é revelado, na maior parte dos casos, quando o bebê completa 1 mês de vida e é oficialmente apresentado aos familiares. Até lá o bebê é tradado como “inominado de fulana de tal”.
Em segundo lugar está a marca da sociedade paternalista. Como no Brasil, os nomes e sobrenomes paternos são os normalmente herdados. Contudo, por aqui, quase todos os filhos e as filhas herdam o primeiro nome do pai. Assim, se o pai chama Pedro e a filha Maria, o nome completo será Maria Pedro (mais o sobrenome – aqui chamado apelido, normalmente um nome tribal, familiar, também paterno). Nos casos de mãe solteira a Maria filha da Marta vai se chamar Maria da Marta, bem lógico.
Outro ponto cultural que eu demorei acostumar ou entender é uma pessoa que não tenho intimidade, chegar e me chamar de pai ou de filho. A lógica também é simples. Se o nome do pai da Maria é Eduardo ela chega e me chama de pai, do nada, mesmo sendo mais velha do que eu. A mesma coisa acontece se o nome do filho for esse, o meu título para ela será filho.
Agora quanto aos nomes propriamente ditos, como no Brasil, aqui encontro cada um. É comum o uso de nomes com algum significado. Assim, sempre encontramos uma Esperança ou uma Felicidade. Ou um Sete ou um Relógio. Mas também nomes ingratos como Castigo são comuns. De uma lista de nomes de pacientes que eu tenho, os nomes masculinos mais comuns são: Alberto, Antônio, Acácio, Armando, Augusto, Carlos, Enosse, Ernesto, Eugênio, Hilário, Januário, João, José, Samuel, Simião, Zaqueu. Os nomes femininos mais comuns são: Admira, Amélia, Artimisa, Esperança, Felizarda, Florinda, Graça, Isabel, Laura, Madalena, Matilde, Rosa, Victória.
Quantos aos uma pouco mais diferentes, temos os femininos: Germelia, Hentiana, Leocaldi, Marface, Rejelia, Rima, Saugeneta, Tenelia, Zubaida, Zaldina, Laquinisa, Delência, Eventina, Salita, Ismar, Emelina, Dêmica, Humaria, Ednércia, Zaina, Zaida, Yulica, Rojasse, Adozinda, etc
e os Masculinos: Zondinane, Momad, Issufo, Jable, Jossai, Adil, Olito, Fanequiço, Abdul, Abatu, Micas, Ebenizário, Magul, Manuessa, Matessuane, Agy, Milice, Egas, Chimahane, Querito, Lilito, Mussa, Cuamba, Abenildo, Camico, Canique, Somar, Xadreque, Belizardo, etc 
Bom, se você ainda tinha dúvidas do nome que gostaria de dar para o seu filho ou filha, quem sabe esse post não o/a inspirou.
Abraços.

2 comentários:

  1. você está brincando mas sériamente observei os nomes que começam com Z :) Muito bom esse post, vou recomendar pros meus amigos :)

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