terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nomes Moçambicanos - Parte 2

Uma parte interessante da cultura e da história moçambicana são os nomes das localidades, cidades ou municípios. A maioria dos nomes tem origens tribais ou familiares. Contudo, alguns provém de nomes de personalidades, outros de origem portuguesa, outros de fontes duvidosas.
Começamos por Maputo, capital de Moçambique. Após a independência em 1976, de Portugal, a feitoria Lourenço Marques, teve seu nome mudado através de um comício pelo primeiro presidente, Samora Machel. O nome é devido ao rio que corta a cidade.
Xai-Xai é o nome da capital da província de Gaza e teve seu nome modificado também após a independência. Outrora, chamava-se João Belo, um antigo administrador.
Inhambane capital da província do mesmo nome, foi o local de desembarque de Vasco da Gama em 1498 rumo a Índia. Ao desembarcar para reabastecer, foi bem recebido e chamou o local de “Terra da boa gente”, daí o nome.
Nampula, Chimoio, Beira, Tete, Quelimane são outros nomes de capitais provinciais, mas não vou comentá-las pois não tive o privilégio de conhece-las.
Maxixe é o nome esquisito da minha cidade. O nome não tem nada a ver com a dança brasileira. A lenda diz que o nome veio porque a localidade fica na passagem da estrada nacional que liga o sul ao norte do país. Como era e ainda é o ponto de parada das pessoas em viagem para fazer xixi, daí Maxixe.
Chicuque, o bairro no qual vivemos tem a origem do nome em lenda semelhante. Dizem que os portugueses quando avistaram o lugar viram algumas crianças usando uma parte do coqueiro que chamam aqui de chicute. Ao perguntá-las como chamava-se o lugar, elas pensaram que estavam perguntando qual o nome daquilo que estavam a brincar, traduzindo para o que entenderam chamaram o lugar de Chicuque.
Dentro de cada cidade existem muitos distritos, bairros e localidade. Só vou listar aqueles nomes que vem na minha mente, veja que nomes engraçados: Matacalane, Sujeira, Matadouro, Pembe, Pemba, Panga, Dambo, Mabil, Manhala-Rex, Chambone, Macupula, Nhamaxaxa, Nhambirro, Tinga-Tinga, Linga-Linga, Mongue, Rumbana, Matingane, Mocuduone, Inharrime, Inhamussua, Jangamo, Bato, Cambine, Sitila, Quissico etc, etc, etc. A verdade é: não existe nome normal.
No início do meu trabalho aqui, era o maior sofrimento, porque chegava uma paciente da roça eu tentava perguntar de onde ele vinha, ela dizia: vivo em Xibabachila, eu respondia: heim? Vitrola!

4 comentários:

  1. Cara, será que o pessoal vai lembrar da propaganda da vitrola que tu colocou aí no final, kkkkkkkk! Legal deve ser narrar um jogo da Seleção de Moçambique: trava-língua miserável! Imagina então se o adversário for uam Polônia por exemplo, kkkkkkk!! Abraços!

    Falcone.

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  2. Saudações cordiais!

    Casualmente deparei-me com o seu blog e uma matéria 'convidou-me' a conversar consigo.

    Carissímo(s).

    Em Moçambique há um ditado muito em voga, ou seja, actual, designado 'unidade na diversidade'.

    Este ditado responde à multietnicidade do povo moçambicano, a qual não pesa negativamente nas relações sociais, tanto quanto permite uma relação sadia entre este país e os demais.

    Entretanto, lamento que o missionário Eduardo Maia, ademais, com formação superior numa área especial, não tenha aprendido com os moçambicanos o valor de ser igual aos demais, apesar das possíveis diferenças.

    Se erro, corrija-me, por favor, mas não entendo como é que ao citar, no seu post, alguns nomes de regiões moçambicanas onde eventualmente esteve ou tenha informação, casos de 'Bato, Cambine, Sitila, Quissico etc, etc, etc', pôde chegar a conclusão de que neste país 'A verdade é: não existe nome normal'.

    Cito o seu texto para que não nos confundamos.

    Pois, meu caro, após ou no decurso das minhas lides jornalísticas e de jurista, vezes várias busco informação e entretenimento em diversos canais nacionais e estrangeiros de rádio e televisão, incluindo na imprensa (escrita).

    Nesta senda, é normal que tenha contacto com canais brasileiros e a maioria dos nomes de indivíduos e regiões do seu país dos quais tenho tido conhecimento, não são habituais em Moçambique. Entretanto, não pretendo citá-los, mas pode visitar, entre outros, o seguinte sítio da internet: http://www.reidacocadapreta.com.br/2008/03/04/mais-de-250-nomes-de-brasileiros-estranhos-esquisitos-e-engracados-registrados-em-cartorios-do-brasil/.

    Então, seria correcto dizer que no Brasil não existem nomes normais?

    A minha consciência e a minha formação social dizem que não, fazendo faler o ditado que a prior citei: 'unidade na diversidade'.

    O saúdo cordialmente e desejo que a nova fase da sua vida social e profissional, no seu país de origem, seja frutuosa.

    Orlando Jorge Mussaengana
    Rádio Moçambique
    Maputo

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  3. Caro sr. Orlanod,

    Agradeço o comentário. Me perdoe se ofendi a você ou a qualquer moçambicano aos quais muito respeito e admiro. Muito mais aprendi a gostar dos nomes, e quando digo não serem normais, não o são para o povo brasileiro, assim como muitos nomes que dão por aqui não são para vocês. Escrevi este post em forma de prosa, mais voltado para o brasileiro. Não precisa me dizer de nomes estranhos daqui, pois isso aqui é uma perdição, como não tem mais nada para inventar, banalizam até nome de igrejas! Prefiro os nomes dai que continuam diferentes mas muito mais originais. Abraço. Eduardo.

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