quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ET no Mundo!


Você já se sentiu um ET nesse mundo? Se não, vem comigo para Moçambique. Basicamente, a população da província que moro (Inhambane) é constituída por mais de 95% de negros.  Dessa maneira, é raro encontrarmos brancos andando pelas ruas, pois os que existem, andam de carro. Assim, a sensação de ser um “gringo” faz parte da vida diária. Apesar de estarmos aqui a mais de 2 anos, toda vez que saio de casa, é como se um ser de outro mundo estivesse desfilando pela rua.
O hospital fica a 150 m da minha casa, na mesma estrada. Na frente do hospital, existe uma creche para os funcionários. Muitas crianças ficam brincando no pátio pela manhã, e apesar de passar ali todos os dias na mesma hora, sempre é a mesma coisa – um coro sem fim se inicia: “Tchauô, Tchauô... ou bye-bye”. Até mesmo os outros transeundes começam a rir da situação.
A minha atividade física por essas bandas é andar de bicicleta. Faço 2 tipos de rotas. Uma no asfalto até o centro da cidade. E outro, pela estrada de terra e areia para o lado contrário, ou seja, para os bairros. Como um bom cirurgião do trauma, eu aprendi que prevenção é o melhor remédio. Assim, eu sempre saio com luvas nas mãos e um bom capacete. Esse item de segurança aqui, não é visto nem entre os motociclistas. Então imagine, se apenas a cor da minha pele já me torna algo de outro mundo, associe com a bicicleta e aquele capacete bonito de ciclista. É um ET pedalando pelo mundo. Da mesma forma que as crianças na frente do hospital sempre me saúdam, quando ando de bicicleta é a maior festa. Quando vou na estrada de terra, rural, é uma história. Quando vou para a cidade, a mesma. Não apenas as crianças mexem comigo. Também os jovens, os homens e mulheres e até os velhos. A palavra que mais ouço é “mulungo – branco no dialeto Xitswa”. Mas também ouço, olha o ciclista, good morning, bye-bye, tchauô, yeê, etc, etc, etc.
Confesso que essa sensação é única. Muitas vezes é incômodo, outras vezes é simpático, a verdade é que a gente nunca se acostuma. No fundo vou sentir falta de sentir-me diferente. Se você acha que é muito indiferente a todo mundo aí no Brasil, faz assim, dá um pulo aqui na África e sinta-se como eu, um ET no mundo! 

Um comentário:

  1. andei 20 poucos kms esse fim de semana de bike... mas, nao era ET... beijos Du

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